Os preços futuros da soja caíram para níveis não vistos há quatro anos, com contratos na Bolsa de Chicago sendo negociados abaixo de 10 dólares o bushel. Essa queda é atribuída principalmente às condições climáticas favoráveis nos Estados Unidos, que indicam a possibilidade de uma supersafra, de acordo com Luiz Fernando Gutierrez Roque, consultor da Safras & Mercados.
A análise de Roque coincide com a avaliação recente do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que destacou a expectativa de que a oferta global de soja supere a demanda, impulsionando a queda nos preços. Dados do Departamento de Agricultura dos EUA indicam que a produção mundial da oleaginosa pode atingir 428,72 milhões de toneladas na safra 2024/25, um aumento significativo em relação às 395,12 milhões de toneladas de 2023/24. Esse crescimento de produção sugere que os estoques de passagem podem chegar a um recorde de 134,3 milhões de toneladas em 2024/25, um aumento de 19,5% em comparação com os 112,36 milhões de toneladas da temporada anterior.
Durante o 5º Visão Agro, realizado em São Paulo pelo Itaú BBA, o consultor Francisco Queiroz reforçou essa perspectiva, apontando que grandes safras, como a prevista nos EUA, proporcionam um aumento no conforto da oferta, resultando em maior pressão sobre os preços. Queiroz observou ainda que, além do clima favorável, os produtores americanos ampliaram a área dedicada à soja para 2024/25, com expectativas semelhantes para Brasil e Argentina.
Leia Também:
Roque sugere que o impacto dessa situação deve ser analisado sob dois cenários. O primeiro envolve a safra 2023/24, onde o mercado não deve perder muito mais força do que a observada até agora. No primeiro semestre de 2024, a Bolsa de Chicago registrou uma queda de 19,2% nos preços da soja em comparação com o mesmo período do ano anterior. Nos mercados locais de Sorriso (MT), Rio Verde (GO) e Paranaguá (PR), as desvalorizações foram de 16,7%, 18,1% e 17,6%, respectivamente, conforme relatou Queiroz.


Comentários: